Livro Bizâncio

A concentração em Bizâncio do Império Romano em sua derrocada histórica instaura com a prática cristã do imperador Constantino (287-337) o prenúncio da Renascença, a qual ocorreria após o longo período teocêntrico da Idade Média.

Em Bizâncio, o belo adquire contornos diferentes da linha apolínea da arte grega. Com o crescimento do cristianismo, observa-se grande desenvolvimento nas artes, cuja característica é o gótico, a verticalidade das linhas das catedrais identificadas com a luz.

Acompanhando a estética, a liturgia encontra no barroco um degrau de elevação espiritual que tem na música um de seus pontos mais altos. A antiga Bizâncio é o lugar onde Marco Lucchesi inscreve seu novo livro de poesias.

Em Bizâncio, lançamento da Editora Record, o poeta vive a solidão, o sofrimento e o desespero daquela cidade, que desperta uma reflexão precisamente por marcar o encontro de culturas que motivaram um avanço de caráter antropológico, na medida em que se observa o salto da teologia caldaica da Mesopotâmia para o cristianismo.

A poesia de Marco Lucchesi traz implícito tal registro na fluência oral de versos que se sobrepõem ressaltando a atemporalidade trágica do homem, obrigado a fundir tempo e espaço numa realidade que o coloca de súbito como eixo de dois mundos e de uma cultura que subsistirá na religião e na arte.

Os poemas ressaltam a oralidade da linguagem e a musicalidade do idioma. Em Bizâncio, há um ecletismo poético-cultural configurado na tradução de outros poetas. O livro apresenta uma coletânea com poemas de Vielimir Khliébnikov, cuja identidade geográfica é passagem do Oriente bizantino para o mundo ocidental, além de traduções de poesias de Dierjávin, Tiuchev, Lomonósov e Jukóvski, entre outros, no capítulo que Marco Lucchesi denomina “Visitações”.