Muitos foram os que desceram pelo abismo do inconsciente, sem conseguir voltar. Os manicômios são suas moradias, pois deles é o reino da insensatez. Outros - muito poucos, apenas os escolhidos - seriam capazes de contar o que há por trás da loucura.
Howard Phillips Lovecraft foi um autor ao mesmo tempo gregário e ermitão. Na solidão da sua criatividade, destacou-se de maneira única no panorama das letras norte-americanas da primeira metade do século XX.
Por outro lado e ao mesmo tempo, não era nem foi o único a professar certa metafísica do horror da qual, inconteste, seria o mestre. O leitor que o diga.
Suas histórias - contos, novelas ou romances - não deixam ninguém indiferente, antes, talvez, inquieto e desassossegado. Com efeito, seus temas e argumentos - alguns singulares e outros sequenciais - foram sempre insólitos.
Nunca publicou nada que fosse considerado corriqueiro ou trivial, sequer realista, na medida em que a sua imaginação prescindia das referências concretas da vida cotidiana. Para além do dia-a-dia - ou melhor dizendo, da noite a noite - forças ocultas espreitam seus personagens desde uma eternidade ameaçadora e infindável.
Na ficção de Lovecraft, só coisas inverossímeis acontecem, nada é por acaso, e tudo o que consta nas suas páginas evoca um sentido ominoso, em que o mal, o pior e o terrível arrepiam qualquer leitor desavisado.
Mas, em definitivo, o que poderia ser tão sinistro? Do que tratam os delírios da sua literatura? Aquilo que ninguém conhece, um certo tipo de terror cósmico, poderoso e incontrolável, com frequência é entrevisto, sem poder ser mencionado.
Como definir isso que a linguagem nem consegue expressar, situado aquém das palavras, designado - num paradoxo irônico - de inomináveis? Por definição, alude-se a seres que não teriam nome e, muito menos, forma.
No entanto, mesmo incognoscíveis, suas intenções costumam ser inequívocas, querendo, quando não a vida, pelo menos a tranquilidade psíquica dos atormentados heróis cujo destino tornou inevitável um confronto com eles, os antigos.
Aqueles que, desde priscas eras, estiveram e estarão à margem da humanidade, sem nunca entrar em harmonia com ela. Fundamentalmente, por não fazer parte da nossa espécie, e ainda, por abominar a nossa existência.
Seriam velhos deuses esquecidos, ou energias telúricas de alguma época pretérita, anterior ao dilúvio, talvez extraterrestres no exílio, pluridimensionais, amorfos e incomensuráveis? Quem sabe cala, e quem cala, é porque um nó na garganta impede que peça auxílio, clemência então, nem pensar.' - Oscar Cesarotto
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Autor(es) | |
Editora | Iluminuras |
Idioma | Português |
ISBN | 8573214473 9788573214475 |
Formato | Capa comum |
Páginas | 232 |
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