Livro Fantasma

O jornalista José Castello conta, em Fantasma a história de um arquiteto que fracassa na tentativa de fazer um livro sobre a cidade de Curitiba. Em plena crise de criação, acaba obcecado por uma das figuras mais emblemáticas da cidade, o paranaense Paulo Leminski.

O Fantasma do título é um devaneio sobre o poeta, uma figura que dita os caminhos da narrativa, mas sem dela participar diretamente. Leminski foi escolhido por ser um personagem chave da Curitiba contemporânea.

Indócil e rebelde quando vivo e, depois de morto, beatificado pela política oficial. Fantasma é um romance sobre a dificuldade de se escrever um ensaio e a impossibilidade do escritor em controlar a sua inspiração.

"O escritor é como um cocheiro," - explica Castello -, "dá as rédeas, diminui o ritmo, acelera, escova o cavalo, mas jamais substituirá um cavalo." O arquiteto idealizado pelo autor sofre com sua incapacidade literária e se entrega a uma fantasia, uma encenação imaginária para encobrir o que não se consegue ou não se pode confrontar.

Mas o livro é, também, um retrato da metrópole. Castello descreve a gótica Curitiba, a cidade dos simbolistas, dos migrantes deprimidos e das almas congeladas. Uma Curitiba distinta da cidade que é hoje o sonho dos urbanistas, e que em vinte anos passou de totem do provincianismo a símbolo do Brasil que dá certo.

"Fantasma foi um livro que se impôs," "um livro que não decidi escrever e que se escreveu apesar de mim." Em novembro de 1974, aos vinte e três anos, iniciando-se no jornalismo, José Castello enviou um conto para Clarice Lispector e recebeu uma resposta sucinta e direta: "Com medo ninguém consegue escrever ...".

Este conselho jamais foi esquecido e tem acompanhado o escritor-jornalista desde suas primeiras resenhas publicadas, na primeira metade dos anos 80, na revista IstoÉ até a fase atual de colaborador do jornal O Estado de S.

Paulo. Castello foi editor do suplemento Idéias do Jornal do Brasil. Trabalhou também nos jornais Diário de Notícias, O Globo e Rioarte, no semanário Opinião e nas revistas Veja e Bravo!

Publicou os livros Vinicius de Moraes, o poeta da paixão, Vinicius de Moraes, uma geografia poética, Na cobertura de Rubem Braga, João Cabral de Melo Neto, o homem sem alma e Inventário das sombras.

"Esclareça-se desde logo que se trata de livro sobre escritores. (...) É isso o que o interessa. Castelo é um explorador de cavernas." - Roberto Pompeu de Toledo "Castello é sem favor um dos melhores biógrafos de sua geração.

(...) Castello tem uma sensibilidade invulgar para o retrato, breve e cortante, longe de qualquer redução (...) não guarda aquela imensa ambição spengleriana de não deixar nada de fora, iluminando as necessárias zonas de sombra e os territórios afetivos insolúveis." - Marco Lucchesi, Estado de S.

Paulo "José Castello é renitente caçador de essências." - Wilson Bueno