Livro Os Ignorantes

"Neste livro encontraremos dois modos de registro do espetáculo de teatro "Os Ignorantes": o texto puro e o texto vestido de uma encenação. Quando me predispus a fazer o livro embora já houvesse encenado "Os Ignorantes" e conhecesse muito bem a sua dinâmica em cena decidi que era melhor publicar o texto livre de toda marca de encenação constituído apenas dos seus fundamentos narrativos e do que dizem e fazem os personagens.

Ao conhecer o texto puro o leitor teria a oportunidade de lendo com olhos para a teatralidade dar a ele a encenação que a sua imaginação produzisse sem ter que dar satisfação a realização efetivada por outro.

Mas se por um lado eu estava satisfeito com a decisão de deixar o leitor sozinho com o texto por outro eu também me sentia tentado a publicar o registro da encenação que eu havia lhe dado.

Alguma intuição (e certamente toda vaidade de um autor) me fazia pensar que havia um valor histórico em o leitor conhecer feição que o próprio criador dera a sua criação.

Eu tinha esperança de que os sinais do que eu e meus colaboradores havíamos feito (pela força de já terem sido por sua concretude) produziriam um milagre e o espetáculo ausente surgiria intacto diante do leitor numa visão projetada do livro.

E mesmo no fundo sabendo que isso não aconteceria em respeito à esperança e à vaidade decidi publicar o texto com as marcas da minha encenação. Mas o que fazer da outra decisão?!

Eu também não queria desistido do texto puro e da grande liberdade que ele oferecia. Absolutamente convicto de duas certezas decidi fazer as duas coisas. Assim primeiro o leitor encontrará o texto constituído apenas do que lhe é essencial (fundamentos narrativos palavra e ação) e nos capítulos subseqüentes (Notas As Fotos Os Desenhos e A Música) o leitor encontrará o registro (possível) da encenação.

Os dois modos são complementares; podem ser lidos ao mesmo tempo (notas a margem do texto catapultam o leitor para os outros capítulos) e também podem lidos em seqüência. Mas embora relacionados o texto puro prescinde dos complementos e pode ser lido sozinho.

Cabe a cada um escolher o caminho que lhe parecer melhor." O autor