Livro Plano De Ataque

Bob Woodward faz revelações surpreendentes no livro-reportagem que mostra os bastidores da Casa Branca durante o planejamento do ataque dos EUA ao IraqueA guerra começou a ser arquitetada concretamente logo depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.A administração Bush estava dividida, com o secretário de Estado Colin Powell praticamente isolado na oposição ao ataque.Irã e Coréia do Norte só entraram no "eixo do mal" de Bush para fazer número.

Bush e seus assessores acreditavam piamente na existência de armas de destruição em massa, e a CIA não teve informações suficientes para fundamentá-los sobre o assunto.A via diplomática foi tentada quando os planos de guerra já estavam consolidados.Ninguém previu, nem de longe, o quão difícil seria o pós-guerra.

Em abril de 2002, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse a um repórter que o interpelava sobre o Iraque: "Não tenho em minha mesa nenhum plano de ataque".

Não era bem verdade. Seis meses antes, passados apenas 72 dias dos ataques de 11 de setembro de 2001, Bush havia pedido ao secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, que analisasse, em segredo, os planos para uma guerra contra o Iraque.

A revelação de que a invasão de março de 2003 começou a ser arquitetada pouco depois do início da guerra contra o Afeganistão é só uma das inúmeras feitas pelo jornalista Bob Woodward em Plano de ataque.

Trata-se de uma reportagem de 456 páginas sobre o que sustentou a decisão dos EUA de atacar o Iraque, que chega ao Brasil pela Editora Globo. Woodward, autor, junto com Carl Bernstein, do best-seller Todos os homens do presidente (1974), sobre o escândalo de Watergate, entrevistou 75 dos principais personagens da história, incluindo Bush, para descrever em detalhes os 17 meses de planejamento da guerra.O relato de Woodward mostra um Bush decidido a derrubar o líder iraquiano Saddam Hussein a qualquer custo, numa contenda pessoal, incentivada pela insistência de Rumsfeld e do vice-presidente "rolo-compressor" Dick Cheney.

Já no dia 15 de setembro de 2001, a invasão do Iraque chegou a ser aventada. Os principais assessores de Bush se opuseram, liderados pelo secretário de Estado, Colin Powell, que aparece no livro como uma voz de moderação contra os instintos bélicos do gabinete.

No dia seguinte, Bush decidiu que o primeiro alvo seria o Afeganistão. Mas indicou que o Iraque seria o próximo.Outra surpreendente revelação de Plano de ataque é que, pouco depois disso, na elaboração do famoso discurso de janeiro de 2002 em que Bush cunhou o termo o "eixo do mal" - que seria formado por Coréia do Norte, Irã e Iraque - , o Irã e a Coréia do Norte foram incluídos basicamente para "fazer número".

Woodward conta que o obstinado e perfeccionista Rumsfeld exigiu do general Tommy Franks, responsável pela elaboração do plano de guerra contra o Iraque, a apresentação das premissas sobre as quais ele seria construído.

As premissas, dizia Rumsfeld, eram mais importantes que o plano em si. Franks cumpriu a ordem e listou suas premissas para Bush. "O Iraque possui capacidade em armas de destruição em massa", dizia uma das primeiras.

Ninguém estranhou.A afirmação reflete uma convicção que perpassa toda a narrativa dos preparativos para a guerra. Os principais advogados da invasão, Cheney e Rumsfeld, assim como Bush, pareciam acreditar piamente que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa.

Ele já as havia possuído antes e, afinal, tinha expulsado os inspetores da ONU. De acordo com Woodward, as dúvidas só começaram a surgir quando a administração teve de buscar provas materiais para convencer a população e a comunidade internacional de que a guerra realmente era necessária.

Powell era um dos que mais duvidavam.Numa reunião no Salão Oval, já em dezembro de 2002, o chefe da CIA, George Tenet, apresentou a Bush uma coleção de "provas", em forma de gravações e imagens, da existência das armas não-convencionais no Iraque.

A impressão geral foi de que aquilo não convenceria ninguém. Questionado se tinha certeza de que elas existiam, Tenet comparou o caso a uma enterrada de basquete, querendo dizer que se tratava de um ponto garantido.

Em junho de 2004, menos de um mês depois da publicação de Plano de ataque nos EUA, Tenet pedia demissão. O autor também demonstra que a ida à ONU e a tentativa da via diplomática foram fruto da pressão de Powell e da necessidade de obter apoio internacional.

A decisão de ir à guerra já estava praticamente tomada, e vários personagens, principalmente Rumsfeld e Cheney, pareciam temer - e muito - que o confronto acabasse não acontecendo. Powell chegou a pensar, conta Woodward, que Cheney estava tomado por uma "febre".

Mas o secretário de Estado acabou capitulando. Ele apresentou ao Conselho de Segurança da ONU, em fevereiro de 2003, provas "enfeitadas" da existência das armas de destruição em massa.O relato de Woodward fica ainda mais eletrizante quando ele descreve a tensão dos dias 19 e 20 de março de 2003.

Logo depois de dar a Saddam um ultimato de 48 horas, Bush foi informado de que espiões da CIA haviam localizado o presidente iraquiano, proporcionando uma inédita oportunidade de fazer um ataque direto e "decapitar o governo".

O presidente decidiu não só iniciar a guerra, mas tentar o ataque - que, depois se soube, não deu certo. O íntimo relacionamento do governo dos EUA com a Arábia Saudita também surpreende.

O embaixador saudita, com acesso direto ao presidente, sugere, de acordo com Woodward, que a produção de petróleo do país seria "ajustada" para propiciar um bom ambiente econômico nos Estados Unidos, ou seja, petróleo mais barato, próximo às eleições presidenciais de 2004.Entre descrições detalhadas dos planos militares e estratégicos para a guerra, salta aos olhos o grande erro dos EUA: subestimar as dificuldades do pós-guerra.

Apesar dos alertas de Powell, havia a ilusão de que os soldados americanos seriam recebidos com "flores e doces". A fase dos grandes confrontos e a queda de Saddam foram mais rápidas do que esperavam os estrategistas, mas ninguém imaginava, como mostra Plano de ataque, que os combates mais mortíferos - em que já morreram mais de mil soldados norte-americanos - ainda estariam a todo vapor um ano e meio depois do primeiro bombardeio.

Ficha Técnica do Livro

Veja abaixo alguns detalhes e características deste livro. Aproveite para indicar ou não indicar a obra, ajudando assim toda a comunidade leitora.

Autor(es)
EditoraGlobo
IdiomaPortuguês
ISBN852503889X 9788525038890
FormatoCapa comum
Páginas456
Livro físico na

Versão em PDF

Quer salvar o resumo deste livro em PDF? Simples, clique no botão abaixo e salve o arquivo em seu computador. Lembrando que você pode distribuir este arquivo livremente sempre que quiser.

Arquivo PDF Salvar PDF

Nota ao autor: fique despreocupado pois somos totalmente contra a pirataria. Os resumos disponibilizados aqui ajudam o leitor a conhecer um pouco do seu livro e por fim incentivam a compra, te possibilitando um marketing gratuito e alavancando suas vendas. Caso queira entrar em contato conosco utilize o link no rodapé da página.

Opiniões sobre o livro

Clique no botão abaixo para saber o que as pessoas estão achando do livro Plano De Ataque. Veja opiniões, e caso se sinta à vontade, deixe a sua também.

Ver opiniões

Nós recomendamosindicamos a leitura...

A intenção do autor, com esta pequena obra, é apresentar algumas estratégias de leitura que te farão um leitor melhor, lhe ensinando a absorver mais conteúdo e ser mais produtivo nesse momento. Tudo isso através de uma linguagem acessível e bem objetiva.

Leia agora! →