Livro Ponto De Fuga

Morris West, digno representante do grupo que dominou a literatura a partir da década de 70 — formado por recordistas de vendas como Leon Uris, Mario Puzo, Harold Robbins e Frederick Forsyth —, está de volta à ativa.

O criador de sucessos como O advogado do diabo, O verão do lobo vermelho e Proteu desistiu da aposentadoria anunciada há quase três anos, quando lançou Os amantes, e resolveu retomar a carreira de escritor.

Melhor para o público, que já sentia falta de obras inéditas do autor australiano. E valeu a pena esperar. Em seu 26º romance, que a Record está colocando no mercado brasileiro, West mostra que está em plena forma, num thriller elaborado como um quadro em perspectiva: personagens de caráter dúbio e situações ambíguas, como linhas paralelas que se encontram no Ponto De Fuga.

O retorno não poderia deixar de ser em grande estilo. Ponto De Fuga é um romance com altas doses de suspense, cenários sofisticados — que Morris West descreve como poucos —, jogos psicológicos e personagens incomuns, que circulam no mercado financeiro e no mundo das obras de arte.

A história tem início com o misterioso desaparecimento de Larry Lucas, um gênio das finanças, logo depois de fechar um negócio milionário para a Strassberger & Company de Nova York, a empresa do sogro.

Só se sabe que o executivo, portador de distúrbios emocionais, saiu de casa pela manhã, como de costume, beijou a mulher e seguiu até a Quinta Avenida para tomar um táxi.

A partir daí, ninguém mais teve notícias dele. Carl, pintor e cunhado de Larry, sai em seu encalço. A busca o leva à Europa, onde conhece lugares exóticos, mulheres sensuais, hotéis luxuosos e o submundo perigoso do mercado financeiro internacional.

Em suas investigações ele descobre um especulador que presta serviços clandestinos, como ajudar pessoas a desaparecerem para iniciar vida nova com outra identidade. Em Ponto De Fuga, Morris West confirma sua reputação de grande romancista, dosando mistério, erotismo e ação numa trama marcada pelo equilíbrio e pelo bom gosto que fizeram dele sucesso de público e crítica em vários países, inclusive no Brasil.

Antes de se tornar um escritor de prestígio, West, 80 anos, quase chegou a ser padre, mas deixou o seminário pouco antes de ser ordenado. Trabalhando como jornalista, foi correspondente no Vaticano, e só a partir da década de 50 passou a escrever romances.

Dois deles foram adaptados para o cinema: As sandálias do pescador e A salamandra.