Livro Quando Tínhamos Verbos

José Maria de Eça de Queirós é considerado um dos maiores nomes da literatura portuguesa de todos os tempos e o principal autor realista lusitano do século XIX. Sua vida, repleta de histórias, daria um belo romance.

Principalmente pelo protagonista sagaz, autor de tiradas dignas de nota. Para resgatar sua memória e registrar seu pensamento, Marcello Rollemberg selecionou e compilou, em Quando tínhamos verbos, o que há de melhor no falar de Eça.

Para compor este volume de declarações e máximas, o organizador fez rigorosa seleção a partir de livros e cartas escritos por Eça. Opiniões e sentimentos sobre morte, amor, desejo, política, artes, literatura.

Praticamente de tudo pode ser achado neste livro. Os pensamentos que Eça de Queirós colecionou ao longo de uma vida que foi tudo, menos tediosa. Mesmo que o próprio teimasse em dizer que não tinha história, "como uma república do vale de Andorra".

Ou talvez até por causa disso mesmo, lançando uma certa cortina de fumaça em uma biografia instigante. Marcello Rollemberg escolheu a dedo as melhores citações de Eça e apresenta um livro que pode ser lido conforme o gosto do leitor: de trás para a frente, salteado ou seguindo a ordem das páginas.

O que importa é que ali Rollemberg descortina, vagarosamente, um pouco do perfil desse gênio da literatura lusitana. Eça de Queirós foi filho de mãe solteira e nasceu no dia 25 de novembro de 1845 em Póvoa de Varzim, no Interior de Portugal.

Foi lá que a jovem Carolina Augusta Pereira de Eça, então com 19 anos, se refugiou para dar à luz a seu primeiro filho com o jovem advogado José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, seis anos mais velho.

A partir daí, começam os dados pouco esclarecidos da vida do escritor. Seus pais, de família tradicional, viriam a se casar quatro anos depois, mas Eça nunca viveu com eles ou com seus cinco irmãos mais novos.

Muito da personalidade e do olhar irônico, por vezes mordaz, que Eça deitou sobre a sociedade portuguesa em seus romances realistas se deve ao fato de ter se formado, por assim dizer, sozinho, sem uma estrutura familiar tradicional e bebendo em várias fontes.

Uma delas foi o Colégio Interno da Lapa, onde teve dois encontros determinantes em sua vida: o primeiro, com Ramalho Ortigão, que foi um de seus mais fiéis amigos por décadas a fio e com quem, em 1870, escreveria O Mistério da estrada de Sintra, sua estréia literária.

O outro encontro marcante desta época de colégio interno foi com a própria Literatura. Foi na Lapa que Eça começou a exercitar seu gosto literário, que iria se desenvolver ainda mais na Faculdade de Direito de Coimbra, para onde foi com 16 anos.

É ali, no centro da intelectualidade lusitana, que ele trava contato com o ideário realista - importado da França e da Alemanha - e com escritores que estavam dispostos a sacudir Portugal da maneira que fosse.

Um desses jovens autores era Antero de Quental, a quem Eça chamava de "Santo Antero", que, com sua fúria filosófica e poética, acabou incentivando em muito a carreira do então tímido estudante de Direito.

É bom que se diga que a visão de Eça sobre seus contemporâneos e sobre seu país nunca foi a de alguém "engajado" ou efetivamente participante de seu cotidiano. Em parte, devido ao distanciamento crítico que ele preferia manter, por outro lado, graças à carreira diplomática - na qual ingressou em 1872 - e que o levou para Havana, Inglaterra e Paris, esta última a cidade de seus sonhos, já que ele se considerava "um francês" por vocação, e na qual morreu em 16 de agosto de 1900.

De qualquer maneira, essa visão crítica Eça empreendeu em muitos de seus trabalhos, principalmente aqueles de cunho mais combativamente realistas, como o próprio Padre Amaro, O Primo Basílio (1880) e Os Maias (1888), obras que formam uma espécie de "santíssima trindade" da literatura queirosiana e que são consideradas seus livros mais significativos.

É nessas obras que ele destila toda sua ironia, toda sua crítica de costumes, se inserindo na sociedade portuguesa através de seus personagens para melhor poder criticá-la. O que se vê nesses três livros já havia dado sinais de existência nos textos de As Farpas, a revista literária que Eça, ao lado do onipresente amigo Ramalho Ortigão, fundou em 1870.

Anos mais tarde, os trabalhos de Eça de Queirós publicado na revista foram reunidos em livro, que ganhou o título de Uma Campanha Alegre. A esses trabalhos se seguiram A Relíquia, A Ilustre Casa de Ramires, e A Cidade e as Serras (este publicado postumamente), entre outras obras que, de várias maneira, serviram para cristalizar e consolidar a carreira de Eça de Queirós não só como grande criador de histórias e personagens, mas também de observador arguto da sociedade que o cercava.

Essa visão privilegiada, inclusive, foi muito bem adestrada em outra função que Eça exerceu e que, para aqueles que não conhecem direito sua obra, pode ser uma bela porta de entrada para todo o seu trabalho: a crônica.

Colaborando para jornais e revistas em Portugal e no Brasil, Eça de Queirós teceu análises ao mesmo tempo precisas e satíricas sobre questões das mais variadas, como o Canal de Suez, a proclamação da República no Brasil e a série de conflitos que varria a Europa.

É nessas crônicas, sem a pele de qualquer personagem, que Eça se mostrava por inteiro e podia tecer suas considerações de forma mais direta. Muitos desses textos foram compilados daí, entre os quais destacam-se dois saborosos volumes que, por si só, já dão um belo apanhado da "estética queirosiana": Ecos de Paris e Cartas de Londres.

Muitas das frases reunidas neste livro de citações de Eça foram pinçadas desses textos, que dão bem a medida do quão original eram suas interpretações. E mais: demonstram como, escritas há cerca de um século, elas continuam atualíssimas.

Ficha Técnica do Livro

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Autor(es)
EditoraRecord
IdiomaPortuguês
ISBN8501059471 9788501059475
FormatoCapa comum
Páginas182
Livro físico na

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