Livro Trevas No Paraiso

Um livro de ficção sobre a ditadura militar nos anos 70 pode ter tanta repercussão quanto a famosa série de Elio Gaspari sobre o mesmo período. É este livro que está sendo lançado agora pela Geração Editorial, no meio da crise provocada entre o exército e o presidente Lula por causa da divulgação das fotos do jornalista Wladimir Herzog, nu e preso pela ditadura, em 1974, pouco antes de ser assassinado no Doi-Codi, em São Paulo.

No início dos anos 70, quando a ditadura militar, escancarada, mandava prender, torturar e matar opositores, um jovem escritor de Minas - Luiz Fernando Emediato, pouco mais de 20 anos - escrevia histórias com títulos provocativos, como De como estrangular um general.

Personagens reais, como os generais-ditadores Médici e Geisel, ou o jornalista Wladimir Herzog, torturado até a morte, misturavam-se a demônios, anjos e dragões que se moviam entre tiros e delírios na cidade imaginária de Mondoro, onde mulheres de seios pequenos e o alter-ego do autor - um escritor angustiado - envolviam-se em cenas mais do que ardentes.

Eram os anos do milagre econômico, mas também os anos de chumbo, o mais duro período da mais duradoura das ditaduras nacionais, como afirma Elio Gaspari em seus livros sobre os governos militares.

Foi sobre aquele mundo, aquele tempo, seus homens e mulheres que Emediato escreveu. Trevas no Paraíso reúne todos os contos e novelas desse escritor que silenciou em 1979, quando publicou seu último livro de ficção - uma ficção elogiada por Rubem Fonseca e Carlos