"Quando o líder de um estado terrorista acaba de anunciar a intenção de matar você em nome de deus, você pode vociferar ou resmungar. Eu não quis resmungar." Desde que foi condenado à morte pelo aiatolá Komheini, em 1988, sob a acusação de blasfêmia supostamente enunciada no romance Os versos satânicos , o escritor indiano Salman Rushdie viveu por quase dez anos escondido, sob a proteção do serviço secreto do governo inglês, e virou símbolo da luta internacional pela liberdade de expressão.
Sua resistência se traduz sobretudo na defesa do direito individual de pensar - conceito que, como uma espécie de antídoto contra a intolerância, permeia os textos reunidos em Cruze esta linha .
São artigos e ensaios sobre os mais variados temas selecionados do livro Step across this line , publicado por Rushdie em 2002: o filme O Mágico de Oz ; a obra de Angela Carter, J.
M. Coetzee, Arundhati Roy, Arthur Miller e Hannan al-Shaykh; o pensamento dos intelectuais V. S. Naipaul e Edward Said; as ações de políticos como Bill Clinton, Tony Blair, Saddam Hussein, Margareth Thatcher e Pinochet; a independência da Índia; a literatura indiana; o conflito na Caxemira; a guerra de Kosovo; o novo ultradireitismo na Europa; a morte da princesa Diana; uma fotografia de Richard Avedon; a contracultura londrina nos anos 60; o papel do romance hoje; a história americana e o Onze de Setembro, entre outros.
Em todos eles, há uma busca constante por novos ângulos de análise, uma renúncia aos dogmas políticos, religiosos e culturais que infestam o pensamento contemporâneo. Num dos relatos mais emocionantes do livro, Rushdie fala de como foi viver tantos anos no exílio, e narra, dia a dia, a sua ida à Índia com o filho depois de ficar doze anos e meio sem pisar no país.
O resultado final é uma prosa irônica que mistura o inevitável desencanto a uma certa doçura, capaz de celebrar tanto gestos grandiosos - como os de editores, jornalistas, intelectuais e líderes que arriscaram ou perderam a vida na luta contra o Irã e a censura - quanto pequenos prazeres do dia-a-dia - como a viagem ao lado do filho e o reencontro com uma paisagem da juventude.
É aí, na compreensão generosa das complexidades da experiência humana, que reside o grande trunfo de um escritor "para quem uma porção de coisas ruins aconteceu". E que, a despeito de tudo, preservou intactos seu otimismo e integridade.
"Salman Rushdie é um escritor prodigioso capaz de extrair do ar rarefeito toda uma gama de geografias, criaturas, costumes, climas e relações." - The New York Times Book Review
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Autor(es) | |
Editora | Companhia das Letras |
Idioma | Português |
ISBN | 8535910263 9788535910261 |
Formato | Capa comum |
Páginas | 400 |
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